quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DESPEDIDA




Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.
Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ? - me perguntarão. -
Por não Ter palavras, por não ter imagem.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.
A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )
Quero solidão.

Cecília Meireles

sábado, 9 de outubro de 2010

LIBERDADE




“Somente os pássaros engaiolados são dignos de confiança. Pássaros engaiolados não fogem. Mas, ao se engaiolar o pássaro, perde-se a beleza do seu vôo, que era o que se amava.
Pássaros engaiolados transformam-se em patos gordos. Patos gordos são dignos de confiança: não podem nem querem voar. Os espaços vazios não os fascinam. Nunca olham para cima, só para baixo. Nem sabem da existência do céu. Já os pintassilgos são indignos de confiança. Sabem voar. Basta que a porta da gaiola se abra para que voem.
Mais fundamental que o amor é a liberdade. A liberdade é o alimento do amor.
O amor é pássaro que não vive em gaiolas. Basta engaiolá-lo para que ele morra. Ter ciúmes é reconhecer a liberdade do amor.
O desejo de liberdade é mais forte que a paixão."

Pássaro - eu não amaria quem me cortasse as asas.

Barco - eu não amaria quem me amarrasse ao cais.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PENSANDO ...




... Assim correm os dias ...
presenteando a gente
com uma música,
um crepúsculo,
um instante especial...
Que acabam compensando
24 horas banais!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O DIFÍCIL OFÍCIO DE AMAR





É DO OFÍCIO DE AMAR
O DESENCANTO
POSTO QUE NÃO EXISTE AMOR
SEM QUE HAJA ALGUM PRANTO.

É DO OFÍCIO DE AMAR
A SAUDADE
POSTO QUE A PRESENÇA
NÃO PODE SER CONSTANTE
E A AUSÊNCIA SE FAZ
EM ALGUM INSTANTE.

É DO OFÍCIO DE AMAR
A DESILUSÃO
POSTO QUE SE CONFUNDEM
AMOR E PAIXÃO.

É DO OFÍCIO DE AMAR
O PERDÃO
POSTO QUE QUEBRADO O ENCANTO
NÃO DESAMA O CORAÇÃO.

Inspirado em Angel Mag

sexta-feira, 11 de junho de 2010




LUA ADVERSA
CECÍLIA MEIRELES

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha


Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.


E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

sábado, 27 de março de 2010



Sou dona de mim, da minha vida e do meu destino.
Sigo meu bom senso, minha razão, minha emoção e minha sede de ser livre.
Bom é viver assim, sem amarras, sem apego ao passado e
sem preocupação com questões que ainda não foram superadas,
Pois o mundo ainda precisa evoluir muito, há muito o que superar...
Eu penso, reflito e analiso,
Sou um ser em constante mutação.
Sou “Eu Mesma”, mas não sou “Sempre a Mesma”.
Não sou normal, pois ser normal é chato,
É repetitivo e EU gosto de transformações,
Gosto de olhar por vários prismas e
Mudar de opinião, de gosto, etc.
A mudança não é somente física,
Mas também é abstrata e intrínseca.
A beleza e juventude se vão,
Mas o conteúdo da alma permanece...

segunda-feira, 15 de março de 2010




Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente.

sábado, 13 de março de 2010



Eu gostaria muito de ter o direito, eu também, de ser simples e muito fraca, de ser mulher...
Hoje cedo ... desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.



QUANDO CHEGAR

"Quando chegar aos 30,
serei uma mulher de verdade,
nem Amélia nem ninguém,
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez.

E quando chegar aos 50,
serei livre, linda e forte,
terei gente boa ao lado,
saberei um pouco mais do amor
e da vida... quem sabe?

E quando chegar aos 90,
já sem força, sem futuro, sem idade,
vou fazer uma festa de prazer,
convidar todos que amei,
registrar tudo que sei
e morrer de saudade."

segunda-feira, 8 de março de 2010




Quando olho para o meu passado, encontro uma mulher bem parecida comigo - por acaso, eu mesma - porém essa mulher sabia menos, conhecia menos lugares, menos emoções.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu ...




Mulher de fases como a lua,
Simples, objetiva, sincera,
Buscando uma vida melhor,
Apaixonada pela natureza,
Sempre buscando o amor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010




Um amor para toda a vida

A razão por que a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham sido e sempre serão. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez a cada vez tenhamos sido forçados a nos separar pelos mesmos motivos. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A LENDA DO PEIXE E DA SEREIA




O PEIXE E A SEREIA - UMA HISTÓRIA DE AMOR


O peixe olhou a sereia e achou-a linda. Ficou deslumbrado! Encantado! Quis então que o tempo parasse, para que aquele momento parasse em si próprio. Parasse no tempo. Assim, a sereia se congelaria ou se cristalizaria na vida, no tempo, ou ao menos no momento. Talvez ficasse ainda mais bonita! Seria possível? Ela já era tão bela! Se a vida parasse... se não se mexesse, a sereia ficaria ali, imóvel, e seria sua.
Apaixonado, ele a olhava. Queria ficar com ela para sempre. Ela também o achou lindo; ela também o amou!
O Peixe e a Sereia, um amor recíproco, profundo, eterno! Parecia ter nascido dos confins dos Céus, dos subterrâneos da terra; das profundezas do mar, ou dos suspiros do ar.
Ao contrário do peixe, a sereia desejou que o tempo caminhasse sem tropeçar, para que seu amado, sem dificuldades, nadasse em outros rios, em outros mares, em novos oceanos... E atravessando continentes novos, trouxesse muitos conhecimentos, muitas luzes, que repartiria com ela, ficando afinal juntos, eternamente.
O peixe, porém, julgando-se não correspondido em seu amor, chorou muito,
entristeceu-se, atirou-se às águas, afogando-se! O peixe morreu irremediavelmente!
A sereia também chorou, mas depois sorriu feliz, porque soube por sua sensibilidade que se tornara esotérica, etérea, espiritual, portanto, eterna. Deixara de ser sereia e agora era uma estrela. Mais tarde seria um anjo, e quando estivesse bem perto de Deus, rezaria para que algum dia, uma a uma, suas companheiras também subissem aos céus. Lamentou que um peixe tão formoso não tivesse entendido, ou ao menos sentido a mensagem divina e orou sinceramente por todos os peixes, por todos os seres da criação que ainda não haviam adquirido intuição, que ainda não tinham despertado para contemplar, avaliar a generosidade e a grandeza de um Universo perfeito, justo, sábio.
Mais pela paixão e menos pela razão, olhando a imensidão do mar e a infinitude dos céus, desejou a ressurreição do seu peixe como um presente de Deus. E para merecer tal benesse, tudo faria, pois dentro dela agora compreendia que o amor tudo pode, e se assim é, Ele poderia! E cantou com uma voz de encantar, de comover pedras e anjos; feras e flores; as estrelas, a Terra, os pássaros, os céus... o próprio Deus!

Por: Clara Luz

sábado, 16 de janeiro de 2010




A Lenda dos Amores-Perfeitos

Por: Neuza Razza

Há muitos e muitos anos, todas as flores eram perfumadas e outras até mais que as próprias violetas ou as damas da noite.


Eram os amores-perfeitos com seu perfume suave e adocicado, espalhava o seu aroma por grandes distâncias, o colorido de suas pétalas davam um ar de beleza incomum ao ambiente, parecendo uma pintura da natureza e o encanto de seus matizes festivos. Eles nasciam nos campos e em maior abundância no meio dos trigais que eram impregnados pela sua fragrância e no dourado dos campos de trigo enfeitado pelo colorido de suas flores.


Sentia-se como se fossem os únicos, os mais belos e perfumados do mundo, e com o bater do vento nos galhos, suas flores dançavam como se uma orquestra tocasse músicas melodiosas especialmente para eles, em um vasto salão dourado onde os bailarinos eram os coloridos e perfumados amores-perfeitos.


Acontecia, porém, que os homens atraídos pelo seu aroma vinham colhê-los e estragavam os campos de trigo. Por isso, as colheitas eram cada vez mais pobres.


Ao longe um garoto caminhando vagarosamente com o seu boné sobre os olhos, calça até aos joelhos, tipo bermudão, preso por suspensórios de pano, camisa xadrez bastante surrada pelo uso, parando de vez em quando chutava uma pedrinha aqui ou um montinho de terra ali com seus pezinhos descalços, e de cada chute representava a esperança, a alegria, os sonhos de um garoto humilde e que provavelmente sem um futuro melhor.


Pensativo foi se aproximando do campo de trigo de seu pai. Parou, olhou os trigais em flores, já com os grãos feitos, esperando só o amadurecimento para serem colhidos. Não contendo as lágrimas que brotavam, e que há bastante tempo estavam presas em seus olhinhos foram escorrendo, parecendo gotas de orvalho brilhantes e transparentes pelas suas faces vermelhas do calor do sol escaldante nessa época do ano.


As flores nem tinham percebido a sua presença, pois estavam tão acostumadas a serem elogiadas e acariciadas por todos, que ele seria mais um deles.


Só notaram quando uma das lágrimas ainda quente caiu em suas pétalas. O amor-perfeito assustou-se, levantando suas pétalas viu as lágrimas que borbulhavam e insistiam em cair dos olhos do garotinho e ficou compadecido.


Oh! Meu amiguinho, diga o que aconteceu, pois está tão triste e choroso, num dia belo e cheio de luz, olhe a sua volta e aprecie a natureza.

Olhe bem amor-perfeito para esse campo, você não notou que o trigo está cada vez mais escasso?


Não havia percebido, pois só agora que você chamou a minha atenção, vejo que realmente há muito pouco trigo.


Todos atraídos pelo seu perfume e o colorido de suas flores, arrasam, as plantações, e nós somos prejudicados; este ano, não vamos ter boa colheita, as despesas são muitas. Se continuar assim, teremos que nos mudar, eu não gostaria. Amo esse lugar onde nasci.


Lágrimas copiosas caiam livremente de seus olhos, banhando as pétalas do amor-perfeito.


Enxugando com as costas das mãos os olhinhos, deitou seu olhar pelo vasto campo como se despedisse, virou-se caminhando cabisbaixo, devagar para sua casa.


Os amores-perfeitos a partir desse dia viviam tristes, porque sabiam que eles eram a causa involuntária de tantos prejuízos. Mais triste ainda com a lembrança de crianças que não tinham pão para matar a fome.


Num dia de sol, em que o vento balançava os trigais com suas espigas maduras, um amor-perfeito suplicou a Deus.


Oh! Meu bom Deus! Retire o perfume de nossas flores para que os homens nos deixem em paz. Assim, não mais se estragaram os belos campos de trigo.


Deus vendo àquela súplica humilde, saída do fundo de seu coração, atendeu o pedido feito com tanta sinceridade.


Desde então, os amores-perfeitos, já sem perfume, ficaram esquecidos nos campos de trigo, que passaram a produzir fartas colheitas.


Eles continuaram a crescer tão belos, dando um colorido na vasta natureza, não se importando por não possuírem mais o aroma, pois a alegria no rosto do garoto valia todo e qualquer sacrifício.



Quero tornar-me aquilo que sou: Uma criança feita de luz.
E deixar algum sinal de alegria aonde eu passar.